Por Fredi Jon
No palco político brasileiro — e mundial — o espetáculo já não é mais sobre ideias, mas sobre torcidas. De um lado, militantes defendem seus políticos com fervor religioso; do outro, adversários fazem o mesmo, como se o poder fosse um time de futebol e a verdade, apenas um detalhe incômodo. Nesse embate sem lucidez, o debate público virou uma arena de ruídos, e a verdade… se esconde nos bastidores, abafada por aplausos ensaiados e vaias programadas.
As redes sociais, antes celebradas como ferramentas de democratização da informação, tornaram-se um campo minado de manipulações e narrativas prontas. Notícias falsas circulam com a velocidade da indignação, e milhões as compartilham sem o menor esforço de verificação — não porque acreditam nelas, mas porque querem acreditar. O filtro não é a razão, mas a ideologia. Se o conteúdo confirma o que o militante já pensa, torna-se “verdade”. Se o contradiz, é “armação da mídia”.
Enquanto isso, os bastidores da política real seguem intocados. Escândalos se alternam, personagens trocam de papel, mas o roteiro é o mesmo: distrair a plateia enquanto o verdadeiro enredo se desenrola fora do alcance dos olhos. A polarização virou o maior ativo dos que lucram com o caos — quanto mais divididos estivermos, mais fácil se torna governar pela distração.

E cada novo embate é uma confirmação do ódio crescente ao adversário. Já não se discute o que é certo, mas quem deve ser destruído. O outro deixou de ser alguém com opinião diferente e passou a ser o inimigo que precisa ser eliminado do convívio, da rede, da vida. O debate perdeu a nobreza; o respeito, o espaço; e a verdade, a relevância.
O resultado é uma sociedade emocionalmente exausta, intelectualmente preguiçosa e moralmente confusa. O fanatismo, disfarçado de consciência política, tem cegado mentes e endurecido corações. Não há mais espaço para o contraditório, para o pensamento crítico ou para o simples ato de duvidar. Questionar virou traição; ponderar, sinal de fraqueza.
A verdade não desapareceu. Apenas foi empurrada para o canto escuro do palco, enquanto o público, hipnotizado por slogans e memes, aplaude o espetáculo do engano. No fim, não são os políticos que mais nos enganam — somos nós que escolhemos acreditar nas mentiras que mais confortam nossas convicções e alimentam nosso ódio.
