Espanto

As obras de Danilo Cunha manifestam uma poética do espanto. Geram perguntas que talvez o observador nem sabia que já tinha dentro de si mesmo. Nesse aspecto, justaposições, reaproveitamento de materiais, livros de arista, letras e números formam um universo peculiar e identitário de indagações.

Os trabalhos são como uivos do poeta norte-americano Allen Ginsberg. Estimulam cada um a perseguir o próprio caminho, sem seguir normas fixas ou regras pré-estipuladas por gurus do universo acadêmico ou das redes sociais. Com referências que passam pela arte pop e pelo grafite, é instaurado um gesto que inclui impressões e carimbos.

A interação de linguagens proposta pelo artista se fundamenta, em boa parte, em apresentar obras que tenham a potencialidade de instigar e incomodar. Suas criações lidam com o fazer de modo a propor uma poesia existencial que instaura uma conversação com a sociedade.

Existe um diálogo por meio de imagens que plasma uma beleza que não se dá no encantamento romântico, mas na potência questionadora que mobiliza cada observador das criações a se espantar pelas descobertas possíveis no ato de olhar e pelos desdobramentos criativos que Danilo Cunha propõe em seu universo visual e poético

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta)
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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