Quando o adversário é o emagrecimento, tem muita gente que acaba sendo derrotado. A luta contra a balança é uma realidade para milhões de pessoas ao redor do mundo, e muitos se perguntam por quê o processo de emagrecimento é tão difícil.
A resposta, no entanto, é complexa e envolve uma combinação de fatores genéticos, hormonais, psicológicos, ambientais, comportamentais e até culturais. O corpo humano está programado para armazenar gordura como uma reserva de energia, e em muitas situações, essa programação pode dificultar a perda de peso, mesmo com dietas rigorosas e exercícios regulares.
Num panorama geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o excesso de peso de acordo com o índice de massa corporal (IMC), que relaciona peso e altura. Nestes parâmetros, é considerado sobrepeso quem possuí IMC entre 25 e 29,9. Quando o IMC está entre 30 e 34,9, considera-se obesidade grau I. Obesidade grau II é quando o IMC estaciona entre 35 e 39,9, e obesidade grau III, a também chama obesidade mórbida, é quando o IMC é igual ou superior a 40.
Independente do nível, seja apenas aquela gordurinha localizada, ainda o inchaço da rotina ou até mesmo a obesidade mórbida, certas pessoas têm de fato uma dificuldade maior em perder peso. Para o médico Mauro Jácome, especialista em endoscopia e cirurgião geral, são muitas as disfunções que podem impedir as pessoas de emagrecer e cada caso é um caso.
“Genética, hormônios, má alimentação, metabolismo, cultura e até a famigerada procrastinação de bons hábitos. Cada pessoa tem um organismo diferente e cada organismo reponde ao emagrecimento de uma forma individual. Logo, a resposta do ‘doutor, por que eu não consigo emagrecer’ é ‘depende’. Depende muito de uma série de fatores, escolhas e disfunções que precisam ser avaliadas individualmente por um especialista”, disserta o médico, que também é diretor da Clínica Cronos, em Belo Horizonte (MG).
Mauro pontua, inicialmente a genética as disfunções hormonais como causas que precisam ser avaliadas a princípio. “A predisposição genética é um fator importante. Algumas pessoas herdam um metabolismo mais lento ou uma tendência maior de acumular gordura corporal e a dificuldade de perde-la. Além disso, há pacientes que convivem com alterações hormonais, como o aumento do cortisol devido ao estresse, a resistência à insulina e problemas na tireoide. Todos fatores hormonais que podem dificultar a perda de peso”, completa.
Metabolismo, para Jácome, também é uma palavra importante. “O metabolismo, ou seja, a maneira como o corpo processa os alimentos e transforma em energia, também varia de pessoa para pessoa. Indivíduos com um metabolismo mais lento podem precisar de mais esforço para emagrecer”, indica.
Finalmente, a escolha dos alimentos, rotina e dieta também são alguns fatores primordiais para serem trabalhados quando o assunto é emagrecimento. “A compulsão alimentar, o estresse emocional e até mesmo padrões culturais podem levar a excessos na alimentação, contribuindo para o ganho de peso. A facilidade de acesso a alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura, associada a um estilo de vida mais sedentário, agrava ainda mais a dificuldade de perder peso”.
Após uma checagem de todos esses itens, ainda pode ocorrer casos de pessoas que seguem na guerra contra a balança. Há, inclusive, relatos de pacientes que tenham alcançado níveis extremamente alarmantes de obesidade e até mesmo o desenvolvimento de outras doenças oriundas ao peso. Para exemplos como estes, intervenções menos convencionais são recomendadas por Mauro Jácome.
“Para indivíduos que têm dificuldade em perder peso por meios convencionais, como dietas e exercícios, existem intervenções médicas que podem ajudar a combater a obesidade. Entre elas, destacam-se a cirurgia bariátrica, o balão gástrico e a endosutura. Essas abordagens são indicadas para casos em que o excesso de peso traz riscos sérios à saúde e outros métodos falharam”, indica o médico.
No fundo a dificuldade para emagrecer é um problema multifatorial que afeta muitas pessoas, especialmente aquelas com predisposição genética ou condições hormonais. Para os casos em que dietas e exercícios não são suficientes, procedimentos médicos como a cirurgia bariátrica, o balão gástrico e a endosutura podem ser estratégias eficazes. No entanto, essas intervenções não substituem mudanças duradouras no estilo de vida e devem ser consideradas como parte de um plano de tratamento abrangente, sempre com orientação médica.
“A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com obesidade severa [IMC superior a 40, ou acima de 35 com comorbidades que já tentaram emagrecer sem sucesso por outros métodos. Outra sugestão é o balão intragástrico, dispositivo inserido no estômago através de uma endoscopia e preenchido com uma solução salina que ocupa parte do órgão e faz com que o paciente se sinta saciado com uma menor quantidade de comida. Ainda pode ser um recurso a endosutura. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo que, ao contrário da bariátrica, não envolve cortes ou remoção de partes do estômago. Mas, sempre é bom lembrar, cada caso é um caso e cada paciente precisa ser tratado conforme sua dificuldade. De maneira individual. Logo, é indispensável a opinião de um médico que tenha avaliado o quadro”, conclui Mauro Jácome.