Viver é perigoso

O escritor Ezra Pound apontou que o artista é um radar da sociedade.  Nesse aspecto, Livia Doreto traz uma reflexão sobre a desorientação do ser humano. O nome de países, em conflito militar ou não, dialoga com um retrato e aponta que todas as nações e todas as pessoas, com suas semelhanças e diferenças, habitam o mesmo planeta.

A imagem conduz a pensar como criar arte é uma desafiadora forma de enfrentar as diversas formas de morte, seja ela física ou emocional. Alerta que o significado da vida está em buscar viver intensamente – e todo tipo de guerra é uma maneira de evitar que isso aconteça.

Por mais que não se possa viver a dor do outro, o trabalho carrega, na sua concepção e realização, tudo aquilo que a criadora visual já fez, seja na arte ou na vida. O resultado é um retrato permanente do que cada um é, o que inclui também os inefáveis mistérios e os decifráveis enigmas do existir.

O trabalho de Livia Doreto é construído com refinamento técnico e empatia humana. Tem amor pela espécie, mas preserva a aspereza para traduzir seu afeto. Não há nela pieguice ou melodrama, mas arte que se manifesta, como escreveu Guimarães Rosa em “Grande Sertão: Veredas”, no mote “Viver é muito perigoso”

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta)
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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