Por Fredi Jon
O Natal nasceu como um ritual de valores, mas aos poucos foi sendo reduzido a um ritual de trocas. Trocam-se caixas, embrulhos, senhas, cliques. Pouco se trocam presença, escuta, verdade e tempo. Talvez porque valores exigem entrega real — e presentes podem ser comprados com pressa. O ser humano moderno não deixou de amar; deixou de sustentar o amor com atenção contínua.
É mais fácil comprar algo do que olhar alguém nos olhos. É mais confortável deslizar o dedo pela tela do que sustentar o silêncio de uma conversa profunda. A tela não confronta, não exige coerência, não pede que sejamos inteiros. Fora dela, somos chamados a ser reais — e isso assusta. O Natal, quando vivido de verdade, desmonta máscaras. Ele nos coloca frente a frente com aquilo que somos e com aquilo que estamos evitando ser.

Por isso a arte é tão necessária nesse tempo. A arte não compete com o digital; ela cura o excesso dele. Ela desacelera, atravessa defesas, resgata memórias que não cabem em notificações. A arte lembra ao ser humano que ele não é apenas consumidor de estímulos, mas criador de sentido. Quando alguém canta, toca, pinta ou escreve, algo antigo acorda: a percepção de que existir pode ser mais profundo do que sobreviver.
Nesse contexto, a serenata é quase um ato de resistência. Ela não chega por algoritmo, não pode ser acelerada, não cabe em stories. A serenata exige coragem de ir até o outro, de ocupar o espaço físico, de oferecer emoção sem filtro. A Serenata & Cia, ao longo de seus 25 anos de caminhada, acumulou experiências no campo mais sensível do afeto, testemunhando como uma canção ao vivo é capaz de reconciliar tempos — faz o passado respirar no presente e abre espaço para um futuro mais humano.

O ser humano do amanhã será definido por uma escolha simples e radical: continuar acumulando coisas ou voltar a cultivar valores. Se escolher os valores, precisará reaprender a ouvir, a sentir, a se emocionar sem vergonha. Precisará usar a tecnologia como ferramenta, não como refúgio. Precisará da arte não como entretenimento, mas como espelho da alma.

Um Natal verdadeiro não se mede pelo que se ganha, mas pelo que se restaura. Relações, memórias, afetos. Quando a música atravessa a noite, quando alguém se permite sentir, quando o tempo desacelera, algo essencial se salva. E talvez seja isso que o Natal sempre tentou nos dizer: ainda dá tempo de sermos humanos — profundamente, imperfeitamente, verdadeiramente humanos.
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