Por Fredi Jon
A falta de luz vai muito além da simples ausência de energia elétrica. Ela reflete uma lacuna profunda na consciência coletiva e na forma como as estruturas de poder e de fé têm conduzido a sociedade. Quando falamos em “falta de luz”, não nos referimos apenas à escuridão nas ruas, mas à escuridão nas mentes, naqueles que governam e nas instituições que deveriam ser os faróis de orientação e solução para os problemas da população.
Na política, a falta de luz é uma metáfora poderosa para a cegueira que aflige aqueles que ocupam cargos de poder, mas que ainda se apegam ao velho jogo de interesses pessoais, enquanto o povo sofre. O país e, em especial, grandes centros urbanos como São Paulo, têm sido constantemente abandonados por líderes que não possuem visão para enfrentar as questões mais urgentes. A falta de luz na consciência política é visível na forma como promessas são feitas, mas raramente cumpridas. Em vez de buscar soluções concretas para os problemas diários da população, muitos políticos continuam presos a uma lógica de poder que é retrocessiva e descomprometida com as verdadeiras necessidades do povo. Enquanto o jogo político se desenrola nos bastidores, a população, que sofre com os efeitos diretos da negligência, segue às cegas, sem perceber que as promessas de mudança são apenas mais uma peça no teatro de manipulação que se repete a cada eleição.
A falta de luz também se reflete nas instituições religiosas, onde a espiritualidade, em vez de ser um farol de esperança e transformação, se transforma em um campo de batalha pela dominação das almas. Igrejas e templos que deveriam promover a paz interior, a reflexão profunda e a evolução do ser humano muitas vezes se tornam lugares onde a fé é explorada e manipulada. Ao invés de iluminar a consciência dos fiéis, essas instituições, em muitos casos, acabam sequestrando as mentes e corações de quem busca por algo maior. O que deveria ser uma busca pela verdadeira luz interior se transforma em uma busca por poder terreno, onde as promessas de salvação e redenção muitas vezes servem mais aos interesses financeiros e pessoais dos líderes religiosos do que ao real bem-estar espiritual de seus seguidores.
E assim, no plano político e religioso, a verdadeira luz que poderia nos guiar em direção a soluções reais e profundas se apaga, dando lugar a interesses egoístas e superficiais que perpetuam os problemas ao invés de resolvê-los. Sem essa luz interna e coletiva, estamos todos mais vulneráveis à escuridão que nos cerca, seja nas ruas ou dentro de nós mesmos.
A Falta de Luz nas Ruas de São Paulo:
Mas a falta de luz em São Paulo, que já dura quase uma semana, é mais do que uma questão abstrata ou simbólica. Ela é concreta, dolorosa e reflete uma falha grave nas infraestruturas da cidade que afetam diretamente a vida de milhões de pessoas. Durante essa semana de apagões, as consequências têm sido devastadoras. Comerciantes e moradores enfrentam perdas imensuráveis, com milhares de alimentos perecendo devido à falta de energia nos refrigeradores e congeladores. Em plena véspera de Natal, muitos viram seus estoques de produtos alimentícios estragarem, jogando fora aquilo que foi cuidadosamente planejado e adquirido para uma das celebrações mais esperadas do ano.
A falta de energia não é um problema novo, mas a sua repetição e a incapacidade das autoridades em resolvê-lo revelam uma cidade que vive na escuridão, não apenas pela falha técnica, mas pela falta de responsabilidade e comprometimento. Com o comércio paralisado e os alimentos perdidos, o prejuízo é, sem dúvida, financeiro. Mas o impacto psicológico e emocional também é profundo. A frustração de quem vê o esforço e os recursos se desintegrarem diante de uma falha sistêmica é uma dor silenciosa que muitos não conseguem nem ao menos expressar. São vidas interrompidas, sonhos frustrados e, o pior, uma sensação de impotência diante de um sistema que deveria funcionar e que, mais uma vez, falhou.
E o mais alarmante é que o pior ainda está por vir. O verão, com suas altas temperaturas e picos de consumo de energia, ainda nem começou, e a cidade já está à beira do colapso. São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, não possui a infraestrutura necessária para atender à demanda crescente por energia elétrica, e a repetição desses apagões demonstra a fragilidade do sistema. Se, no inverno, as falhas são capazes de gerar esse caos, o que acontecerá quando o calor insuportável do verão, com sua pressão sobre os sistemas de refrigeração e consumo de energia, chegar?
As soluções são urgentes, mas parece que, mais uma vez, estamos à mercê de promessas vazias. A falta de luz nas ruas de São Paulo é um reflexo direto da falta de luz nas esferas políticas e sociais. Uma cidade que deveria ser um exemplo de modernidade e eficiência vê suas infraestruturas falharem repetidamente, enquanto seus habitantes tentam sobreviver em meio à escuridão literal e metafórica.
O Caminho para a Luz: É Hora de Agir
Em última análise, a falta de luz em São Paulo e no Brasil não é apenas uma questão de energia elétrica, mas de uma crise de valores e gestão. Precisamos de uma iluminação que vá além da simples funcionalidade do sistema elétrico e atinja as consciências daqueles que governam, das instituições que moldam nossa espiritualidade e da sociedade como um todo. A verdadeira luz é a que ilumina os caminhos da verdade, da justiça e da responsabilidade. Sem ela, permaneceremos na escuridão, sendo consumidos pelos próprios interesses e pela ineficiência que nos cerca.
Enquanto a cidade de São Paulo luta para restaurar sua energia, precisamos refletir sobre como restaurar nossa própria luz, aquela que nos guia para a construção de uma sociedade mais justa, mais iluminada em seus valores e mais preparada para enfrentar os desafios diários com coragem e sabedoria. Até lá, continuaremos na penumbra, aguardando por um futuro onde a luz seja mais do que uma promessa. Ela precisa ser uma realidade.
