O silencio dos 364 dias

Por Fredi Jon
A pior forma de racismo não é discutir o tema no Dia da Consciência Negra — é fingir que o problema só existe nele.
Transformar um drama histórico em uma data específica é confortável demais para um país que insiste em se enxergar como “cordial”. É fácil postar no dia 20 de novembro; difícil é encarar o restante do ano em que os números continuam gritando e quase ninguém escuta.

Se a desigualdade não tira férias, por que a consciência deveria?
Se a violência contra jovens negros acontece todos os dias, por que nossa indignação é tão pontual?
Se a oportunidade não chega para todos, por que nosso debate insiste em chegar só uma vez por ano?

Um único dia não muda estruturas.
Um único dia não corrige séculos.
Um único dia não transforma mentalidades.

Consciência Negra deveria ser permanente — não um lembrete anual, mas uma postura diária.
Enquanto tratarmos o racismo como evento e não como urgência, continuaremos alimentando justamente o sistema que fingimos combater.

*Fontes confiáveis para aprofundar:*

* Ipea – Atlas da Violência (dados sobre homicídios de jovens negros)
* IBGE – Desigualdades Sociais por Cor e Raça
* UNESCO Brasil – Estudos sobre racismo estrutural

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