Por Fredi Jon
Ser artista no Brasil não é profissão.
É resistência.
É produzir beleza num país que não te enxerga como trabalhador.
É criar num sistema que só te vê quando é pra cobrar.
Aqui, artista não vive de aplauso.
Mas também não vive de dinheiro.
Vive de luta.
A arte no Brasil é tributada, censurada, ignorada.
Paga imposto pra cantar.
Paga taxa pra expor.
Paga licença pra dançar.
Paga alvará pra recitar.
Paga pra existir.
Você faz teatro? É luxo.
Você toca na rua? É desordem.
Você escreve? Isso dá dinheiro?
Você pinta? Vai trabalhar de verdade!
O artista brasileiro é o profissional que trabalha dia, noite, madrugada… e quando sobra um tempinho… tenta sobreviver da própria arte.
Enquanto o mundo se encanta, o Brasil te cobra.
Enquanto você ensina cultura, leva alegria, gera empregos, forma público, ocupa espaços abandonados, faz gente rir, chorar, pensar…
O sistema devolve:
Burocracia, multas, descaso, falta de política pública,
Impostos que te tratam como empresa milionária
E zero estrutura pra te apoiar
Mas existe uma coisa que o Estado Brasileiro ainda não conseguiu taxar:
O poder de emocionar.
A força de reunir pessoas.
O impacto invisível de tocar uma alma cansada.
A coragem de quem cria em meio ao caos.
Essa energia não cabe na nota fiscal.
Não entra no carnê do imposto.
Não é tributável.
Por isso, o artista brasileiro não é só criador. Ele é guerreiro.
Ele pinta, toca, dança, escreve, costura, atua, canta, grafita, fotografa, dirige, edita, produz, ensina, improvisa, conserta, decora, carrega, monta, desmonta, vende, cobra, divulga e ainda sorri.
Mas não se engane, o artista brasileiro sorri com os dentes, mas luta com o coração.
E segue fazendo o impossível: Viver de arte… No Brasil… Todos os dias.